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Meu Review de Death Stranding

ClarionNov 21, 2019, 11:55:43 AM
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Enfim terminei Death Stranding.

Tenho que começar dizendo: Finalmente, um pouco de ar fresco no mundo dos jogos AAA!

Geralmente, quando a gente pega um jogo novo, já sabe mais ou menos o que esperar - ainda que cada jogo tenha "detalhes" diferentes, o funcionamento básico é igual.

Death Stranding foi o primeiro jogo AAA em muitos anos que vc só vai entender totalmente a mecânica depois de algumas horas de jogo. Daí até que saem algumas conclusões apressadas (de haters ou de revisores apressados) chamando de "walking simulator" ou coisa do tipo.

Sim, DS é um jogo onde o objetivo principal da maioria das missões é levar algo do ponto A ao ponto B.

E é perfeitamente compreensível que alguém, acostumado com os jogos tradicionais, ache essa a descrição de uma atividade tediosa - porque fetch quests SÃO uma atividade tediosa na maioria dos jogos. Não há desafio a superar, não há estratégias a pensar, não há perigos a evitar. É só andar tediosamente, e a única coisa realmente interessante nessa jornada são os combates no caminho.

Death Stranding traz uma abordagem completamente diferente, e definitivamente isso não aparece nas primeiras missões. Aqui até existem inimigos tradicionais, desses que vc derrota atirando e socando, mas eles são muito esparsos no jogo, e o jogo te incentiva a agir como uma pessoa de verdade agiria.

E você não tem muito a ganhar enfrentando eles - Sam não é “o escolhido” que luta kung fu ou solta bolas de fogo. Os inimigos derrotados não dão XP, não dropam gold, e o loot que eles eventualmente deixam cair é pesado e desajeitado de carregar. Você tem pouco a ganhar e muito a perder entrando em combate, então, depois de entender o jogo, você vai aprender a agir como uma pessoa racional e evitar os inimigos, e não correr empolgadamente pra eles como a maioria dos jogos incentiva. Esse é um dos erros que vi em vários gameplays e reviews - sujeito achando que era um jogo normal, mais um “Rambo simulator” pra sair metralhando tudo que vê na frente.

A parte que vai demorar pra perceber é que o “inimigo” nesse jogo é o ambiente em si. Você tem que entregar uma carga de 80 kg pra um sujeito que mora num barraco no alto da montanha da puta que pariu, e seu desafio é descobrir como escalar a montanha, atravessar os rios, evitar a chuva e chegar lá sem quebrar/destruir a carga. Você vai precisar se fazer perguntas como: “Quantas escadas eu preciso (e aguento) levar? Quantas cordas? Dá pra usar a moto/caminhão um trecho ou o terreno é acidentado/íngreme demais? Preciso levar um aquecedor pra passar pela neve? Minhas botas aguentam o trajeto inteiro ou preciso levar um par reserva?”

Quanto mais coisas vc carrega, mais difícil é andar, escalar e manter o equilíbrio em terrenos difíceis. Encontrar o equilíbrio ideal entre as ferramentas que você quer levar e o peso que você aguenta carregar é um desafio por si só. Não existe resposta certa - existe o seu jeito de jogar.

Aí entra, também, o elemento “social” do jogo. Ao longo do caminho, você vai encontrar escadas, abrigos, pontes, tirolesas, placas de alerta, etc, deixados lá por outros players. E você pode deixar “curtidas” pra esses players quando encontra algo assim, Uma espécie de cooperação assíncrona que bate com a intenção do Kojima de trocar o “porrete” pela “corda” no game. Rapidamente, você entra nesse clima de cooperação e começa a pensar com a cabeça de “vou deixar essa corda nesse burcao, porque isso pode ajudar se alguém cair aqui”. É uma forma interessante de ver o mundo do jogo, que eu só tinha visto (rudimentarmente) nas mensagens que a gente coloca nos jogos da série Souls.

Por fim, a crítica do “não é jogo, é filme”, só pode partir de gente que absolutamente não jogou. Sim, o jogo tem história pra caramba, o que é pouco comum hoje que a galera só quer um mata-mata online com pouco mais que uma desculpa pra sair dando tiro uns nos outros. As cutscenes do jogo somam mais de 7 horas, daria uma trilogia longa no cinema. A história é longa, intrigante, e um dos elementos mais marcantes de Death Stranding. Mas está muito, muito, muito longe de ser a única coisa que existe. Eu fechei com 56 horas de jogo, e meu game ainda está cerca de 60% completo. Tem muito, MUITO mais gameplay do que história. Qualquer um que diga o contrário, tá só fazendo birra.